sábado, novembro 25, 2006

"Judeu daqui não passa"

Houve um Português de quem ninguém ouviu falar à excepção do contador da sua história, que lutou do lado das forças alemãs na segunda grande gerra. Marcos era conhecido no interior da sua companhia como "o executador português", nome que só por si não fala muito favoravelmente acerca das funções que desempenhava como militar alemão.

A função era simples, mandar encostar um "bando" de pessoas a um muro pensando nelas apenas como uma cambada de lebres a abater, contar até 3 muito rapidamente para que não houvesse tempo suficiente para entrar em pânico antes de premir o gatilho e de uma acentada o serviço ficava despachado.
Fazia-o aparentemente sem dificuldades, ignorando a forma como tudo isto o poderia perseguir assim que os seus ideais perdessem papel primário na sua forma de vida.

Abandonou o posto ainda estava longe o fim da gerra, "o seu pai estaria mal de saúde" foi a mensagem que lhe chegou através de um seu amigo e colega de mortes.
Regressou assim a casa sempre com a incompreensível esperança de voltar para o seu posto o mais cedo que fosse possível.

Nunca esquecerá o momento em que chegou a casa e reparou que uma calma demasiado amplificada a invadia.
Pai e Mãe estavam deitados ao lado um do outro com os seus rostos virados para baixo, olhou-os durante muito tempo e finalmente chegou a uma conclusão... Tinham sido confundidos por um qualquer "colega de causa" seu e tinham sido abatidos por um nome que fazia lembrar o de outra raça... Assim se justificava o letreiro à porta do quarto:

"Judeu daqui não passa".
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