segunda-feira, novembro 13, 2006

Política (II)

Como não pode ir a correr atrás de uns fugazes e fugidios raptores, decidiu voltar ao palanque e proclamar perante a multidão confusa:

“Se apanharem os tipos que acabaram de roubar a minha filha, entrego-vos tudo o que tenho! Tudo o que tenho! Pela Minha filha…!”

Retirado do palco por um afoito assessor de imprensa, viu aquela imensa massa humana começar numa busca de justiça popular que rapidamente decapitaria ao sabor de socos e pontapés a vida de várias pessoas que apenas não foram na onda.

De noite, quando ao fim do segundo prozac conseguiu adormecer só pensava no que seria da sua filha e no que a sua suja e impoluta carreira politica tinha conseguido.

Na manhã seguinte, junto da porta, um bilhete acompanhado de uma corda ensanguentada: Joana estava morta e com ela se tinha ido a sua própria vida.

Mas ainda era só o começo.
|